A crise econômica atingiu seu ápice em 2016 e com isso os consumidores tiveram que enfrentar situações adversas ao longo do ano, se adaptando e mudando hábitos de consumo, além de adiar a realização de objetivos. Ainda assim, 2017 começa com um pouco de otimismo e a esperança de resolução dos problemas financeiros pessoais e da economia do país.
O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) pesquisaram quais são as expectativas e projetos dos brasileiros para 2017 e constataram que, apesar da crise, 43,5% estão otimistas com a economia e acreditam que este ano será melhor que 2016. As principais metas são juntar dinheiro (41,1%) e sair do vermelho, pagando todas as contas que estão vencidas (35,1%).
Em uma nota que vai de 1 a 10, onde 1 é muito ruim e 10 é muito bom, a expectativa para a economia brasileira para 2017 é de 5 e a da vida financeira pessoal é de 6. Quase metade dos entrevistados (48,0%) está animada para concretizar seus projetos pessoais em 2017, porém, 14,1% estão desanimados e com uma expectativa ruim, sendo que, entre esses, 69,2% atribuem seu desânimo por estarem em uma situação financeira difícil e 46,6% por estarem desempregados e sem expectativa de recolocação no mercado.
Outros 18,6% acreditam que o cenário econômico em 2017 será igual a 2016 e, entre os 16,8% que acham que será pior, as principais consequências no cotidiano serão a redução nas compras (46,9%) e a dificuldade para manter as contas em dia (35,3%).
Como medida para superar os problemas decorrentes da crise econômica, a maior parte dos entrevistados menciona justamente organizar as contas da casa (26,0%), evitar usar o cartão de crédito (24,8%) e fazer pesquisa de preços (23,1%). Apesar das dificuldades, 41,0% não querem abrir mão de fazer uma reversa financeira, 29,4% de cancelar planos de internet e celular e 26,1% de gastar com produtos não tão necessários. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a pesquisa mostra que ao menos uma parte dos consumidores entende a gravidade da situação atual e pretende agir ativamente a fim de evitar o desequilíbrio financeiro. “Medidas como a organização das contas e o uso consciente do cartão de crédito podem fazer diferença no orçamento ao longo de todo o ano”, explica.
O levantamento do SPC Brasil mostra ainda que 27,7% pretendem fazer aplicações periódicas, 16,7% financiar a casa própria e 15,4% financiamento de automóvel. Entre os que pretendem fazer empréstimo em 2017 (7,7%), 41,0% utilizarão o dinheiro para pagar suas dívidas, 12,7% investir em um negócio próprio e 10,1% comprar um carro ou moto. O risco de não conseguir pagar as dívidas aparece como o maior temor para 2017, citado por 42,0% dos entrevistados. Foram mencionados ainda ter problemas de saúde (41,9%) e que o país não saia da crise atual (40,0%).
“A economia, de forma direta ou indireta, está no centro das preocupações dos brasileiros. Muitos esperam que em 2017 possam resolver suas questões financeiras e superar a recessão, voltando a consumir e a concretizar seus objetivos, como o de constituir reserva financeira, por exemplo”, afirma Kawauti.
A corrupção – um dos destaques da mídia em 2016 devido a Lava Jato – também foi lembrada. Para 49,9% dos brasileiros, é o problema mais importante do País a ser resolvido em 2017, seguida pela violência (43,7%), saúde (43,3%), desemprego (38,7%) e a crise econômica, mencionada por 37,2%.
Retrospectiva 2016: para metade dos brasileiros, vida financeira piorou
2017 pode começar com melhores expectativas para a economia do Brasil e para a vida financeira pessoal, mas o ano que passou deixou más lembranças na vida dos consumidores: para 63,3% dos entrevistados, a economia piorou em 2016 se comparada a 2015 e apenas 10,0% acham que ela melhorou.
Considerando as finanças pessoais, mais da metade (51,4%) afirmam que também piorou na mesma base de comparação. Dentre os principais motivos, os mais citados são o aumento do valor de produtos e serviços sem o aumento paralelo dos rendimentos (64,9%), a diminuição da renda familiar (45,1%) e o endividamento (41,9%). Entre os 16,9% que acreditam que melhorou, os principais fatores são o aumento do salário (25,6%) e a maior segurança no emprego (22,1%).
A pesquisa mostra ainda que 51,5% tiveram de abrir mão de muitas coisas que compravam por estarem mais caras e 85,9% tiveram que fazer cortes ou ajustes no orçamento em 2016, principalmente em itens como vestuário, calçados e acessórios (61,9%), refeições fora de casa (61,2%) e itens supérfluos de supermercado (51,7%).
Dívida dos brasileiros em 2016 chegou ao valor médio de R$ 4.579
Três em cada dez entrevistados (26,8%) não conseguiram pagar todas as contas e tiveram o nome registrado em serviço de proteção ao crédito. As principais contas que não foram pagas pelos consumidores negativados foram as parcelas do cartão de crédito (68,0%), as parcelas do cartão de lojas (59,0%), as contas de telefone (38,6%), o cheque especial (36,2%) e contas de água/luz (35,8%). Em média, o valor total da dívida é de R$ 4.578,65. A grande maioria (95,7%) pretende limpar o nome, mas 53,7% não tem previsão de quando farão isso.
Em relação ao emprego, 29,5% consideram-se estáveis em seus cargos. Entre os desempregados, 39,0% permanecem nessa condição há mais de um ano. Além disso, sete em cada dez brasileiros (71,6%) conhecem amigos ou familiares que perderam emprego recentemente.
Crise econômica impactou nos planos pessoais
Entre os planos pessoais realizados em 2016, os principais não possuem relação direta com a vida financeira: cuidar da saúde (21,0%); ter mais tempo livre (15,7%) e emagrecer (12,6%).
Já entre os planos não concretizados no ano passado, os mais mencionados são juntar dinheiro (34,1%), fazer uma grande viagem (24,2%) e reformar a casa (23,8%). Perguntados sobre os principais motivos para não conseguirem cumprir estes os planos, os preços altos (43,9%), a quantidade restrita de dinheiro já direcionada ao pagamento das contas mensais (41,0%) e a falta de dinheiro (32,7%) foram os mais citados.
Metodologia
O SPC Brasil entrevistou 601 pessoas de ambos os sexos e acima de 18 anos, de todas as classes sociais em todas as regiões brasileiras. A margem de erro é de 4,0 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.