“Skill economy” e “skills flux” norteiam o mercado

Dois novos conceitos criados no mundo do trabalho vão além dos já conhecidos “soft skills”, “hard skills” ou “tech skills”. Ambos significam que estamos entrando numa era de “economia das habilidades”, na qual o ativo mais importante é o aprendizado contínuo, baseado no princípio de que é preciso “aprender a aprender”. Trata-se de criar e respirar uma cultura de aprendizagem capaz de tornar a aquisição de conhecimento e o desenvolvimento de habilidades algo a ser perseguido constantemente nas empresas.

Os conceitos são apresentados por duas fontes diferentes, mas, no fundo, significam a mesma coisa, ou seja, desenvolver a habilidade de evoluir sempre. O blog do ManpowerGroup, empresa de soluções de gestão de talentos, aborda o conceito de ‘skill economy’, ou “economia das habilidades”: “muito focada na necessidade de preencher lacunas profissionais no mercado, a ‘skill economy’ significa “priorizar determinadas capacidades e organizar as estratégias de talentos com base nas competências para elevar a performance da organização”.

Habilidades com vida útil de dois anos

Já Ian Beacraft, futurista-chefe da Signal & Cipher, apresentou no SXSW 2025, em Austin, EUA, o conceito de ‘skills flux’, que poderia ser traduzido como “fluxo contínuo de habilidades”. Segundo matéria veiculada no site YXP (da Youpix, uma consultoria de criação de estratégias e negócios), as ‘skills flux’, não são muito diferentes da ‘skill economy’, uma vez que representam algo necessário para enfrentar um dos grandes desafios atuais: a obsolescência das competências técnicas dos funcionários.

As perspectivas de Beacraft são assustadoras. De acordo com o futurista, as habilidades técnicas, antes relevantes por décadas, hoje têm uma vida útil média de pouco mais de dois anos! Por isso, o aprendizado contínuo se impõe. “Não se trata mais de acumular conhecimento, mas sim de como adquirir novas habilidades em curtos períodos e aplicá-las imediatamente, em contextos diversos e dinâmicos”, destaca o texto.

É preciso ser bom em aprender coisas

Já um post no LinkedIn de Inês Saldanha, profissional focada em felicidade, futuro do trabalho e experiência do colaborador, também com base no que disse Ian Beacraft no SXSW, destaca que as ‘skills flux’ não significam “ser bom em alguma coisa”, mas “ser bom em aprender coisas novas constantemente”. Saldanha explica que “não aprendemos mais para o trabalho, mas, sim, enquanto trabalhamos”.

“O conhecimento que hoje nos torna competitivos pode estar obsoleto em poucos meses, e a única forma de acompanhar essa mudança é aprendendo, desaprendendo e reaprendendo o tempo todo. Não se trata mais de ‘upskilling’ (aprimorar habilidades) ou ‘reskilling’ (mudar de carreira). Essas estratégias, embora úteis, já não acompanham a velocidade das transformações no mercado. O novo jogo do trabalho exige aprendizado contínuo e adaptabilidade extrema”, argumenta a profissional.

Escassez global de talentos

De volta ao texto do ManpowerGroup, assinado por Ana Guimarães, diretora de Operações do grupo no Brasil, “existe um hiato entre o que as empresas procuram e as competências disponíveis no mercado profissional”. Desde 2006, a organização faz estudos sobre o tema. O relatório de 2022 apontou um índice global de escassez de talentos de 75%, o maior nível em 16 anos. No índice medido no Brasil, a escassez atingiu incríveis 81%.

Setores como o de tecnologia, no qual a demanda por talentos é a mais alta do estudo (40%), sofrem ainda mais, com 84% das empresas de TI sinalizando serem afetadas pela escassez de profissionais qualificados.

Veja as principais lacunas de habilidades no mercado
Ao perguntar aos empregadores sobre quais são as habilidades que, de uma forma geral, mais estão em falta no mercado, o estudo do ManpowerGroup revela cinco principais:

  • raciocínio e resolução de problemas;
  • resiliência e adaptabilidade;
  • iniciativa;
  • confiabilidade e autodisciplina;
  • espírito colaborativo e trabalho em equipe.

Como navegar pelas novas demandas

Já o post do LinkedIn sugere como navegar em um mundo sedento de ‘skills flux’, com mudanças profundas de mentalidade, ferramentas e hábitos de aprendizado. Acompanhe as dicas abaixo.

1. Construir um sistema de aprendizado contínuo

  • Microlearning: aprender em pequenos blocos de conhecimento, consumindo conteúdos rápidos e aplicáveis.
  • Aprendizado baseado em projetos: no lugar de cursos longos, focar em experiências para absorção rápida de novas competências.
  • Comunidades de prática: conectar-se com especialistas e grupos de aprendizado para trocar conhecimento em tempo real.

2. Desenvolver meta-habilidades

  • Pensamento adaptativo: resolver problemas novos sem depender de conhecimento prévio fixo.
  • Inteligência digital: saber como interagir com tecnologias emergentes, sem precisar ser especialista técnico.
  • Curadoria de informação: filtrar e sintetizar conteúdos úteis rapidamente, para aprendizado eficaz.

3. Preparar-se para carreiras não-lineares

  • Os ‘skills flux’ eliminam a previsibilidade de carreiras tradicionais: no lugar de um caminho fixo, os profissionais terão múltiplas trajetórias.
  • Profissionais polímatas (têm conhecimento em diversos assuntos): desenvolver saber amplo em diferentes áreas e conseguir conectar ideias.
  • Trabalho fragmentado: mais freelancers e portfólios de múltiplos projetos em vez de um único emprego fixo.
  • Aprimoramento via IA: uso de IA como copiloto para executar tarefas, aprender mais rápido e tomar decisões estratégicas.

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