Na contramão do cenário de baixa produtividade, a exposição à inteligência artificial (IA) em determinados cargos pode quase quintuplicar a eficiência, impulsionar o desenvolvimento econômico e elevar os salários. De acordo com o Barômetro Global de Empregos em IA, da PwC, que analisou mais de meio bilhão de anúncios, funções ligadas à IA chegam a pagar salários até 25% superiores.
Somado a isso, a tecnologia também é responsável por uma mudança na dinâmica do mercado de trabalho, ao redefinir funções e transformar o perfil das competências mais valorizadas pelas empresas. O impacto é ainda maior em serviços profissionais, nas áreas de informação e comunicação e em finanças. Como consequência, uma gama de oportunidades se apresenta para aqueles que souberem se adaptar a essas alterações.
IA como alavanca de produtividade e crescimento econômico
Enquanto a década passada foi marcada por um crescimento tímido (acréscimos médios anuais de 1,1%) na produtividade nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a inteligência artificial surge como vetor de reversão desse cenário. Nos setores com maior exposição à IA, o aumento médio da produtividade entre 2018 e 2022 foi de 4,3%, frente aos 0,9% observados nos setores menos expostos. Na visão da PwC, esse desempenho “significa mais do que apenas fazer coisas antigas com maior rapidez. Significa, também, encontrar novas formas baseadas em IA para criar valor”.
Nesse sentido, para 72% dos CEOs entrevistados na Global CEO Survey 2024, os benefícios vão além da eficiência operacional. Eles acreditam que a IA mudará significativamente a forma como suas empresas criam, entregam e capturam valor. Mais da metade (55%) dos líderes brasileiros aposta em ganhos de lucratividade, e metade projeta aumento de receita.
Competências em mutação e prêmios salariais
O impacto da IA no mercado de trabalho não se limita à automação; ele se manifesta, principalmente, na transformação das competências exigidas. Segundo o relatório, essas mudanças ocorrem 25% mais rapidamente nas ocupações com maior exposição à IA. Isso significa que, para permanecerem relevantes, os trabalhadores precisarão adquirir habilidades que dialoguem com as novas ferramentas ou que sejam mais difíceis da tecnologia automatizar, como criatividade, liderança e empatia.
As categorias de competências que mais crescem sem a IA são artes performáticas, esportes e recreação; serviços e cuidados pessoais; energia e serviços essenciais; e meio ambiente. Dentre essas, as subcategorias de competências que mais se multiplicam são Ioga (+426%), treinamento esportivo (+178%) e proteção à criança (+156%).
Diante dessa configuração, a sócia da PwC Brasil, Camila Cinquetti avalia que a “IA torna o trabalho humano mais relevante e valioso, abrindo oportunidades para as pessoas desenvolverem novas competências e ingressarem em novas funções”.
Outro indicador é o prêmio salarial que, em empregos que demandam competências especializadas em IA, como machine learning ou redes neurais, pode resultar, em média, em salários 25% mais altos. Em algumas ocupações específicas, essa diferença chega a ultrapassar os 50%.
No caso dos Estados Unidos, particularmente, esse prêmio salarial de IA corresponde a +53% para designers e administradores de bancos de dados; +49% para advogados; +43% para gerentes de marketing e vendas; +33% para analistas financeiros; +32% para programadores de aplicativos; +30% para analistas de sistemas; e +18% para contadores.
O aumento salarial corrobora a visão de Camila de que “trabalhadores que desenvolverem competências para aproveitar a IA serão mais valiosos do que nunca”.
Oportunidades de emprego continuam crescendo, mas em ritmo diferente
Embora os empregos em áreas expostas à IA estejam crescendo globalmente, o ritmo é 27% mais lento. Essa desaceleração na criação de novas oportunidades não é necessariamente um sinal negativo, pois ocorre junto com ganhos de produtividade, ou seja, menos pessoas conseguem produzir mais. A avaliação é de que essa “pode ser uma boa notícia para muitos países que enfrentam encolhimento da população economicamente ativa e vastas necessidades não atendidas de mão de obra, em diversos setores”.
Além disso, o estudo mostra que novas ocupações estão emergindo, muitas delas impensáveis até poucos anos atrás. Funções como engenheiro de nuvem e designer de interface digital são exemplos de cargos criados a partir das possibilidades abertas pela tecnologia.
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