A consultoria internacional de recrutamento Roger Walters verificou uma tendência inusitada no mercado de trabalho, que ocorre, especialmente, dentre os funcionários da geração Z, nascidos após 1995. É a chamada inflação de cargos, na qual muitas empresas oferecem a seus colaboradores altas funções, porém sem impacto real no desenvolvimento profissional e na remuneração. Segundo a consultoria, houve um aumento de 53% no número de vagas de alto nível anunciadas em 2023 em relação ao ano anterior.
Mas, por que as empresas estão adotando este comportamento? De um lado, existe a expectativa dos profissionais da Geração Z de serem promovidos em espaços de tempo não muito longos. De outro, ao inflacionar os postos de trabalho, as empresas pretendem dar uma imagem de posição positiva e credibilidade perante os seus clientes e parceiros.
Fenômeno da ‘titulitis’
“No passado, cargos como líder, diretor ou sócio exigiam anos de experiência e trabalho árduo. Mas isso agora parece estar mudando. É o que podemos chamar de ‘titulitis’ e é cada vez mais comum entre jovens profissionais da Geração Z”, afirma Ana Carolina Rezende, Manager do Departamento de Engenharia na Robert Walters Brasil.
O mercado estaria tão afetado pela inflação de cargos que, de acordo com uma análise feita pela empresa de recrutamento Datapeople, em mais de 2 milhões de anúncios no setor de tecnologia feitos desde 2019, os recrutadores triplicaram o uso da palavra “líder” para vagas voltadas para jovens profissionais. Ao mesmo tempo, o uso da palavra “júnior” foi reduzido pela metade.
Expectativas da Geração Z
As ambições da Geração Z no mercado de trabalho também contribuem para o fenômeno da inflação de cargos. Segundo a Robert Walters, mais da metade da geração Z espera ser promovida a cada 12 a 18 meses e, se isto não ocorrer, começará a procurar ativamente um novo emprego. E cinco em cada 10 representantes desta faixa etária aceitariam uma posição de maior responsabilidade, para a qual não estão totalmente qualificados. Muitas das empresas, sem condições financeiras para atender esta demanda, optam pela promoção, mesmo sem impacto na remuneração.
Estes jovens, por sua vez, podem dar mais peso ao cargo e suas perspectivas do que os benefícios imediatos. “É comum que um profissional da Geração Z prefira um cargo de diretor de dados dentro de uma startup a ser analista de dados em uma Big 4. Além disso, é importante que as startups mostrem um organograma sênior ao procurar financiamento”, diz Ana Carolina.
Termo sênior afasta candidatos
Há ainda outro aspecto nesta tendência de inflação de cargos. Segundo o Datapeople, se o termo sênior for usado incorretamente nas ofertas de emprego, o número de candidatos pode diminuir em até 39%. Os candidatos menos experientes podem se sentir menos qualificados para o cargo, mesmo que possuam competências para ocupá-los. E, dependendo de como o termo sênior for exposto no anúncio, candidatos com vasta experiência também podem se sentir desencorajados, acreditando que o cargo busca alguém em um nível de experiência inferior ao seu.
O post Geração Z busca promoção em curto espaço de tempo apareceu primeiro em Varejo S.A.