Bianca Robles, especialista em Relações Institucionais e Governamentais (RIG) do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), esteve esta semana em Cuiabá, onde participou de uma visita à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da capital, ao lado do presidente Junior Macagnam. Juntos, acompanharam os trabalhos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, que analisou o veto ao Projeto de Lei número 2233/2023. O texto propõe regulamentar o artigo 43, §2º, do Código de Defesa do Consumidor, visando agilizar a comunicação entre consumidores e fornecedores.
Formada em Direito, Bianca iniciou sua trajetória no SPC Brasil como estagiária em 2009. Depois de atuar como assistente jurídica, foi convidada a integrar a equipe de RIG, área na qual permanece até hoje. Com mais de 15 anos na instituição e oito anos dedicados à articulação institucional, ela se tornou referência no tema.
Em entrevista exclusiva ao site da CDL Cuiabá, Bianca falou sobre a atuação do profissional de RIG, sua relevância estratégica e os bastidores de grandes articulações no Congresso Nacional, como no caso do projeto de lei que regulamentou o Cadastro Positivo.
O que é RIG?
É a sigla para Relações Institucionais e Governamentais.
É uma profissão antiga?
Sim, embora fosse conhecida por outros nomes no passado. Com o tempo, houve a formalização e o reconhecimento da área como profissão na Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), número 1423-45. Ainda não está regulamentada por lei, mas está incluída num rol de atividades estratégicas e consolidadas.
No comércio, o que faz um RIG?
O RIG defende os interesses da empresa e/ou do setor de atuação junto ao poder público. Ele entende o que a empresa precisa em termos de políticas públicas e articula soluções junto às instâncias legislativas e governamentais. É o elo entre o setor privado e o público, com atuação em todas as esferas.
É necessário ter formação específica?
Não. Embora muitos venham do Direito ou da Ciência Política, o mais importante é ter conhecimento e capacidade de articulação.
Quais habilidades um RIG precisa ter?
Jogo de cintura, conhecimento técnico e visão estratégica. O RIG costuma estar próximo da alta gestão porque precisa tomar decisões rápidas e representar bem os interesses da empresa/setor.
Como é seu dia a dia no SPC Brasil?
Trabalhamos com o acompanhamento de projetos de lei. Primeiro identificamos os que impactam nosso setor, depois fazemos uma análise de impacto e começamos a articulação junto ao Legislativo — seja propondo ajustes no texto, seja defendendo tecnicamente os interesses da instituição e atuamos em conjunto com as CDLs em âmbito municipal, com as FCDL no estadual e com a CNDL no Federal.
Você já atuou em projetos relevantes para o setor produtivo?
Sim. Um grande exemplo foi o projeto do Cadastro Positivo. A sociedade via com desconfiança, mas trabalhamos intensamente com o Legislativo e com os consumidores, explicando os benefícios. A aprovação foi uma conquista importante para o mercado de crédito e para a sociedade como um todo.
Quanto tempo leva esse tipo de trabalho?
Depende. Um projeto pode tramitar por 8 meses ou ficar parado por anos. A nossa métrica não é tempo, é impacto. O RIG lida com cenários diversos e precisa estar pronto para agir a qualquer momento.
Como o trabalho do RIG se adapta a cenários políticos instáveis?
O RIG já é, por natureza, uma função de adaptação. Em qualquer cenário — crise ou estabilidade —, precisamos avaliar os riscos e impactos para a empresa/setor e buscar soluções por meio do diálogo político.
O que falta para o trabalho de RIG ser mais valorizado?
Falta reconhecimento. Muitas organizações ainda não entendem que o RIG não é uma área secundária. É estratégica, pois conhece todos os movimentos da empresa e precisa estar por dentro de tudo. Um projeto de lei pode mudar completamente o modelo de negócios de uma entidade — e o RIG é quem antecipa, atua e defende os interesses para evitar prejuízos ou aproveitar oportunidades.
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