Motivado por mudanças tecnológicas, fragmentação geoeconômica, incertezas econômicas, transformações demográficas e as demandas da transição verde, o mercado de trabalho global passará por uma transformação significativa, no sentido de eliminação e surgimento de novos empregos. Essa é a conclusão do relatório Future of Jobs Report 2025, publicado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), que destaca que 8% do total de cargos atuais, aproximadamente 92 milhões, estarão obsoletos até 2030. Em compensação, espera-se que a criação de novos postos de trabalhos corresponda a 14% do total atual, algo em torno de 170 milhões.
Nesse cenário, a ampliação do acesso digital desponta como a principal força transformadora para 60% dos empregadores. Avanços em inteligência artificial e processamento de informações (86%); robótica e automação (58%); e geração, armazenamento e distribuição de energia (41%) estão na linha de frente da transformação. Com isso, devem puxar demanda por desenvolvimento de habilidades voltadas para IA, Big Data, redes, cibersegurança e letramento tecnológico.
A projeção, feita com base na percepção de mais de mil empresas líderes que representam 14 milhões de trabalhadores, também se aprofundou nas outras tendências transformadoras, além de expor quais cargos de maior expectativa de crescimento e de recessão nos próximos cinco anos.
Tendências transformadoras
Diante de um mercado em transformação, o documento traz uma análise detalhada, sob a perspectiva de executivos, de quais são os principais catalisadores. As macrotendências são divididas em cinco categorias – contando com o tópico de mudanças tecnológicas já debatido.
Incerteza econômica
Apesar de variar de região para região, a incerteza econômica é entendida como um agente de transformação. Neste caso, o aumento do custo de vida ocupa o segundo lugar entre as macrotendências que impulsionam a transformação dos negócios, sendo apontado por 50% dos respondentes.
Além disso, o crescimento econômico lento também está entre as principais preocupações, com 42%. Mas, como mencionado anteriormente, os fatores apresentam diferentes pesos em uma análise regional. Nesse sentido, questões inflacionárias obtiveram, na África Subsaariana, 60% das respostas dos entrevistados como motor de transformação. Já o Leste e Sudeste Asiático, avalia o desenvolvimento demorado da economia como principal fator.
Transição verde
No universo da transição verde, os esforços e investimentos ampliados para reduzir as emissões de carbono se destacam, aparecendo na tabela geral das macrotendências na terceira posição, com 47%. O dado demonstra que quase metade dos líderes antevê uma escalada na mitigação das mudanças climáticas.
Em consonância com essa tendência, os esforços e investimentos ampliados para adaptação às mudanças climáticas estão situados na sexta posição, com 41%. Assim, há uma perspectiva de mitigação e adaptação às mudanças climáticas no radar e no planejamento das empresas.
Fragmentação geoeconômica
As fragmentações geoeconômicas e as tensões geopolíticas devem implicar, nos próximos anos, mais do que mudanças estratégicas em empresas individuais. Segundo o relatório, impactam, também, na “estabilidade e no crescimento econômico de longo prazo, além de limitar a cooperação multilateral em questões essenciais, como as mudanças climáticas e a preparação para pandemias”.
Dentro da tabela de macrotendências, o aumento da divisão geopolítica e dos conflitos correspondem a 34%, enquanto o aumento das restrições ao comércio e aos investimentos globais, e o aumento dos subsídios governamentais e das políticas industriais equivalem, respectivamente, a 23% e 21% das respostas.
Transformações demográficas
No campo demográfico, as macrotendências mais relevantes são o envelhecimento e a redução da população em idade ativa (40%), principalmente em economias de alta renda; e o aumento da população em idade ativa em economias de baixa renda (24%). O estudo identificou que, neste segundo caso, as estratégias de reskilling e upskilling serão priorizadas até 2030, conforme a resposta de 92% dos entrevistados. Para enfrentar a redução da população em idade ativa, os 79% dos executivos consideram acelerar a automação de processos.
Panorama do mercado de trabalho
A pesquisa perguntou aos executivos quais seriam as empresas em crescimento e em declínio no período de cinco anos. Como conclusão, os empregos de maior apelo serão aqueles impulsionados por tecnologias, como especialistas em Big Data, engenheiros de Fintechs e especialistas em IA e machine learning.
Por outro lado, os cargos com declínio mais acelerado são os de atendentes dos correios; caixas de banco e atendentes similares; e digitadores de dados. Confira a seguir a lista completa para ambos os cenários.
Em crescimento
- Especialistas em Big Data
- Engenheiros de FinTech
- Especialistas em IA e aprendizado de máquina
- Desenvolvedores de software e aplicativos
- Especialistas em gestão de segurança
- Especialistas em Data Warehousing
- Especialistas em veículos autônomos e elétricos
- Designers de UI e UX
- Motoristas de caminhonetes ou serviços de entrega
- Especialistas em IoT
- Analistas e cientistas de dados
- Engenheiros ambientais
- Analistas de segurança da informação
- Engenheiros DevOps
- Engenheiros de energias renováveis
Em declínio
- Atendentes de agências dos correios
- Caixas de banco e cargos relacionados
- Digitadores de dados
- Caixas e bilheteiros
- Assistentes administrativos e secretárias executivas
- Trabalhadores de gráficas
- Auxiliares de contabilidade, escrituração e folha de pagamento
- Controladores de estoque e registradores de materiais
- Atendentes e condutores de transporte
- Vendedores de porta em porta, jornaleiros, vendedores de rua e trabalhadores relacionados
- Designers gráficos
- Reguladores, peritos e investigadores de seguros
- Autoridades jurídicas
- Secretárias jurídicas
- Operadores de telemarketing
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