A edição de junho de 2025 do Panorama do Comércio, publicado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), já está disponível. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao quarto trimestre de 2024, já dessazonalizado, segundo dados divulgados pelo IBGE. Embora a desaceleração econômica ainda seja discreta, o setor agropecuário — beneficiado por uma safra recorde — liderou o crescimento, enquanto serviços e comércio registraram expansão modesta.
Com uma colheita robusta e preços internacionais favoráveis, a agropecuária saltou 12,2% no trimestre, destoando do restante da economia. Esse desempenho fez com que o Brasil revisse para cima suas projeções de crescimento para 2025, elevando-as de 2,0% para 2,2%. Ainda assim, a taxa prevista permanece abaixo do avanço de 2024, o que reforça o desafio de diversificar os motores de crescimento.
Comércio e serviços
No setor de serviços, que engloba comércio e hospedagem, o PIB cresceu apenas 0,3%, mostrando que, apesar do forte estímulo do agronegócio, o consumo e as atividades urbanas não mantêm ritmos acelerados. As vendas do comércio, monitoradas pelo IBGE, recuaram em abril, mas mantêm alta no acumulado do ano, embora em ritmo inferior ao observado em 2024.
A inflação continua acima da meta, mas registra uma desaceleração moderada nos preços de alimentos e bebidas. Analistas esperam que o efeito de safra recorde ajude a reduzir pressões sobre o bolso do consumidor ao longo dos próximos meses, colaborando para a convergência ao centro da meta estipulada pelo Banco Central.
Confiança, crédito mais fácil e inadimplência maior
Os indicadores de confiança da FGV mostraram alta em maio de 2025 tanto para consumidores quanto para empresários do comércio, após queda nos meses anteriores. Mesmo assim, os níveis atuais permanecem abaixo dos registrados em maio de 2024, sugerindo que a deterioração da confiança ao longo do último ano ainda não foi revertida — um ponto crucial, já que decisões de compra e investimento dependem desse termômetro.
Por um lado, as novas regras do crédito consignado privado impulsionaram as contratações: essa modalidade, mais barata e desburocratizada, registrou salto significativo de volume. Por outro, a inadimplência atingiu máximas históricas, segundo levantamentos da CNDL e do SPC Brasil.
Em síntese, o panorama do Comércio brasileiro inicia 2025 com PIB aquecido pelo agronegócio, mas com desafios no consumo urbano, na confiança e na saúde financeira das famílias. O equilíbrio entre políticas monetárias, oferta de crédito responsável e recriação de confiança será determinante para sustentar o crescimento e blindar a economia contra choques futuros.
Assista também ao vídeo abaixo com a especialista em Finanças da CNDL, Merula Borges, com a análise do Panorama do Comércio deste mês.
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