Melhores empresas para se trabalhar são as que sabem maximizar o potencial das pessoas, diz CEO do GPTW

O bem-estar e o equilíbrio entre vida corporativa e vida pessoal estão cada vez mais na pauta das organizações, principalmente após a pandemia de Covid-19. Lideranças e departamentos de RH estão buscando soluções a partir desse novo contexto, principalmente com a chegada da Geração Z ao mercado de trabalho. Tatiane Tiemi, CEO do Great Place to Work Brasil, acompanha de perto essa mudança dos ambientes corporativos em espaços mais humanizados, inclusivos e produtivos.

Com uma carreira voltada para a excelência na gestão de pessoas, Tatiane tem se destacado como uma voz influente em temas como felicidade no trabalho, diversidade, ESG e liderança transformadora.

Em entrevista ao Seja Relevante, após palestrar no 9º Fórum Anual das Médias Empresas, promovido pela Fundação Dom Cabral (FDC), na sede da escola de negócios, Campus Aloysio Faria, em Nova Lima (MG), ela compartilhou insights sobre o impacto da liderança na experiência dos colaboradores. Entre os tópicos, ela destacou como a cultura organizacional pode impulsionar resultados e revela o papel estratégico de temas como ESG e felicidade corporativa para a produtividade e lucratividade das empresas.

Nos últimos anos, temas como bem-estar, saúde mental e felicidade corporativa ganharam destaque. Você entende que eles continuam relevantes ou outras preocupações despontaram?

A humanização nas organizações – que reúne essa preocupação com relação ao índice de felicidade, de confiança – realmente vem ganhando espaço dentro das empresas. Acho que o momento pós-pandêmico trouxe essa necessidade de as organizações olharem realmente para o indivíduo, para a pessoa de forma humanizada. Estamos percebendo essa mudança e a transformação com relação à importância da gestão de pessoas dentro do contexto organizacional. O GPTW acompanha esses indicadores há 30 anos e,nos últimos,vimos um crescimento bastante representativo, que demonstra a consciência das organizações e, portanto, dos empresários com relação à importância do tema gestão de pessoas para o atingimento do sucesso do negócio.

O GPTW expandiu seu olhar com o Great Place To Work para todos. Falando de diversidade e inclusão, você tem visto como determinante o fato de empresas que fazem ações nesse sentido avançarem suas posições no ranking?

Sim, as empresas que são um Great Place To Work, que têm esse olhar especial para as pessoas, têm uma agenda mais estruturada sobre diversidade em toda a sua tratativa. Isto é: não diz respeito apenas a ter um time diverso, mas também garantir a inclusão dessas pessoas pertencentes a esses grupos minoritários. Essas empresas oferecem ambientes mais preparados e maduros para conseguir trabalhar de forma positiva com relação a essas agendas. A tendência é sim de que aquelas que já tinham esse olhar especial para as pessoas, cuidem ainda mais disso e consigam se apropriar da diversidade e do ESG, que é um tema relativamente novo, que veio com o momento pandêmico, mas que ganhou uma importância muito grande na agenda das organizações. É natural que essas empresas que já tinham esse viés para pessoas consigam abarcar com maior facilidade essas novas temáticas que impactam a gestão de pessoas e, portanto, a gestão dos negócios.

E o que há em comum entre as melhores empresas para se trabalhar?

As melhores empresas para trabalhar têm esse foco nas pessoas, elas entendem que para atingir os resultados, os objetivos do negócio com relação a crescimento, com relação a faturamento, à lucratividade, ela precisa maximizar o potencial humano. E como é que ela maximiza o potencial humano? Oferecendo uma experiência de trabalho melhor.

A partir de uma experiência de trabalho melhor, ela consegue proporcionar uma relação pautada em confiança. Esse é um passo dado principalmente pela gestão, que dá esse primeiro passo na excelência, impactando, moldando a experiência do que as pessoas têm no seu dia a dia. Essa experiência positiva modela a cultura e, assim, impulsiona os resultados da organização.

Você defende que os líderes moldam a experiência, a experiência molda a cultura e a cultura impulsiona a performance. O que quer dizer com isso?

O primeiro passo nesse processo de uma gestão adequada, mais humanizada, depende da atuação da liderança. Esse pontapé inicial vem do líder e de preferência do primeiro nível de liderança. As empresas que obtêm sucesso nesse processo é que geralmente têm essa visão para pessoas desde o primeiro nível e é natural que isso cascateie. É muito mais fácil quando vem de cima para baixo do que quando o processo precisa acontecer de baixo para cima ou do RH para cima e para baixo. A atuação de um RH estratégico é fundamental, é muito importante, mas não adianta a empresa ter um excelente RH, com as melhores práticas de gestão de pessoas, se essas práticas não forem bem implementadas no dia a dia pelos líderes. É por isso que a gente fala sobre o efeito Great Place to Work, que começa com o primeiro passo da liderança, conseguindo moldar a experiência.

Em que sentido?

Essa experiência positiva e alinhada molda a cultura, essa cultura geralmente envolve a questão do trabalho em equipe com muito mais facilidade, agilidade na tomada de decisão, porque quando você fala de um ambiente com uma relação mais forte de confiança, as pessoas tendem a ter menos medo também de inovar, de arriscar, tem muito mais coragem de propor ali novas soluções para os negócios, porque um erro não é encarado como um erro intencional. Nessas organizações com uma forte relação de confiança, existe esse olhar para cada indivíduo, para cada colaborador, como realmente um dono da empresa. As pessoas têm um outro nível de comprometimento e exercem seu trabalho de forma especial. E com toda essa cultura voltada a um ambiente muito mais colaborativo, é possível impulsionar os resultados. Então, a cultura impulsiona os resultados. Nós temos muitos estudos que comprovam essa relação direta.

Mas é possível ver isso, de fato, em números?

As melhores empresas para trabalhar com capital aberto são de duas a três vezes mais rentáveis aqui no Brasil e em todos os países onde nós fazemos o Great Place to Work. Aqui, a gente compara com o indicador Ibovespa, então não temos informações sobre todas as companhias, mas a gente consegue fazer essa comparação com as empresas que têm capital aberto e estão premiadas no Great Place to Work, no ranking ou na certificação, e cada uma ali com um peso. As empresas que estão no ranking contam duas vezes, as empresas que são certificadas têm o peso um. E a gente compara, então, com o retorno geral do Ibovespa. Assim fica claro: as melhores empresas são de duas a três vezes mais rentáveis que a média do mercado.

O tema do 9º Fórum Anual das Médias Empresas foi a produtividade. As empresas têm conseguido abrir espaço para o bem-estar sem deixar a produtividade de lado?

Na verdade existe uma relação direta entre uma tratativa mais positiva com relação às pessoas e um ganho de produtividade. Diferente do que se pensava aí alguns anos atrás, que a gente deveria manter ali as pessoas trabalhando sem flexibilidade, controlando o horário, controlando as entregas para ter um resultado maior, hoje já se sabe que, para ter o melhor das pessoas, a gente precisa proporcionar flexibilidade, confiança, para que elas possam produzir mais e melhor. A produtividade está diretamente relacionada à gestão de pessoas.

Na sua visão, qual é o maior desafio das empresas na gestão de pessoas?

O maior desafio das empresas na gestão de pessoas é capacitar liderança, porque a gente depende do líder no dia a dia, fazendo adequadamente esse papel. E, quando não é genuíno, é copy paste, não basta. A tendência é que essa gestão não seja tão humanizada. Ela é meio robotizada e a gente está falando de relação humana.O melhor caminho é realmente simplificar essa relação. Quando vamos para o corporativo, a tendência é achar que deve ser feito de outra forma, né? Porque, afinal de contas, a gente tá em um ambiente de trabalho e acabamos esquecendo que, no final, é de humano para humano. Quando conseguimos simplificar e humanizar a relação, fica muito mais fácil. Mas, infelizmente, alguns perfis de liderança acabam dando uma volta muito grande para chegar nesse simples e humano.

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