A construção de uma marca pessoal relevante e autêntica tornou-se essencial, especialmente quando se trata de figuras públicas. No entanto, a linha de equilíbrio entre a distinção e a espontaneidade é tênue, e quando ela se perde, o efeito pode ser desastroso. O recente caso de Endrick, jovem talento brasileiro do Real Madrid, ilustra bem os riscos de quando a sofisticação da marca pessoal sai do controle, resultando em percepções negativas no lugar do tão desejado prestígio.
O jogador, que oficialmente ingressou no time espanhol em julho de 2024, tem buscado associar sua imagem a grandes ícones do futebol europeu, uma estratégia que visa fortalecer sua marca pessoal no exterior. Porém, algumas de suas declarações recentes, incluindo a menção de lendas antigas como Bobby Charlton e Ferenc Puskas como inspirações, foram recebidas com ceticismo. Nas redes sociais, houve um misto de deboche e críticas, com colegas e torcedores questionando a autenticidade dessas falas.
Segundo Tatiana Mika, especialista em sofisticação e posicionamento de marcas, reconhecida por proporcionar ambientes de aprendizado que funcionam como catalisadores para a mudança, autenticidade, simplicidade e elegância, a sofisticação de uma marca pessoal não está apenas na associação com nomes ou símbolos de prestígio, mas na coerência e verdade dessas associações. “Quando as escolhas de palavras ou referências soam forçadas, a percepção de autenticidade é comprometida, o que pode rapidamente transformar a admiração em descrédito”, explica.
Os perigos de uma marca superexposta
A sofisticação excessiva pode gerar uma superexposição negativa de uma marca, incluindo marcas pessoais. No caso de Endrick, suas tentativas de conquistar o público europeu, exagerando nas referências, podem, na verdade, alienar os fãs que esperam uma postura mais próxima de sua realidade. Os jogadores Thiago Silva, Rafinha e Neymar, por exemplo, riram das recentes declarações do jovem, expondo ainda mais a fragilidade dessa estratégia.
Além dos ícones citados, Endrick recentemente compartilhou uma curiosidade que chamou a atenção dos fãs: ele quase foi batizado com o nome “Di Stéfano” em homenagem ao lendário jogador do Real Madrid. O jogador revelou que seu pai, um grande admirador do futebol europeu, considerou seriamente lhe dar o nome de um dos maiores ícones do time.
Essa declaração foi vista por alguns como uma tentativa forçada de se associar ao legado do clube madrilenho, mas acabou gerando reações mistas, com parte do público questionando a sinceridade da história. “O segredo para uma marca pessoal diferenciada e bem-sucedida é a moderação. Expor-se demais, especialmente de maneira pouco autêntica ou no momento errado, pode atrair críticas e destruir a credibilidade construída com tanto esforço”, acrescenta Tatiana.
O que fazer e o que evitar
Uma estratégia bem-sucedida de branding deve sempre buscar a autenticidade e o alinhamento com os valores do indivíduo ou da empresa. Para evitar que o refinamento e distinção da marca saiam do controle, Tatiana recomenda algumas práticas estratégicas:
Seja autêntico: seja fiel a si mesmo e às suas origens. A autenticidade é percebida pelo público e cria uma conexão genuína;
Seja moderado: exagerar nas falas ou forçar associações com outras marcas de desejo ou nomes de prestígio pode ser um tiro no pé. Também é importante ser cuidadoso com a escolha de palavras;
Seja consistente: mantenha uma linha clara de comunicação e não contradiga declarações anteriores. A coerência é essencial para uma marca pessoal sofisticada;
Evite a superexposição: é tentador querer estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas isso pode levar a uma saturação da sua imagem e causar efeitos negativos;
Ouça o feedback: preste atenção nas reações do público e esteja disposto a ajustar sua estratégia de branding conforme necessário. O feedback é um termômetro valioso para medir a percepção pública da sua marca.
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