O Brasil registrou, nas três primeiras semanas de 2024, 12 mortes por dengue e 120.874 casos prováveis da doença. No mesmo período do ano passado, foram contabilizados 26 óbitos e 44.753 casos prováveis. Os dados foram divulgados ontem (25) pelo Ministério da Saúde. Há ainda 85 óbitos em investigação.
“Vivemos um momento de grande preocupação em relação à dengue”, avaliou a ministra Nísia Trindade.
No Brasil, o mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, Zika e chikungunya, está presente em todo o território nacional. A dengue é uma doença grave, mas que pode ser evitada com medidas simples. Jeferson de Andrade, pesquisador de Desenvolvimento de Produto e Mercado da BASF, destaca a importância da colaboração da sociedade no combate ao mosquito.
“As arboviroses, que são as doenças causadas por vírus transmitidos principalmente por mosquitos, são cíclicas, com aumentos e quedas no decorrer dos anos. O crescimento no número de casos prováveis pode apontar para um possível cenário epidêmico. Por isso, medidas simples, como o uso de telas em portas e janelas, areia nos vasos de plantas e a manutenção de ambientes livres de entulhos, são cruciais”, ensina Andrade.
O pesquisador ainda destaca alguns pontos importantes sobre a reprodução e os locais utilizados como criadouros do inseto.
“Sabemos que os principais focos do mosquito ficam principalmente nas residências e arredores. O Aedes aegypti pode depositar seus ovos em qualquer tipo de recipiente, embalagens e até no lixo descartado incorretamente. Por isso, é importante eliminar objetos com água parada independentemente da exposição ao sol. As piscinas podem se tornar criadouros potenciais, por isso é altamente recomendado que elas sejam esvaziadas quando não estiverem em uso, ou tratadas de forma adequada após as chuvas”, destaca o especialista da BASF.
Jeferson de Andrade lembra ainda que “o controle do mosquito deve ser contínuo, mesmo no inverno, porque os ovos podem sobreviver durante essa estação e retomar o desenvolvimento na primavera. Eles possuem a capacidade de permanecerem ativos por até um ano, mesmo em água suja ou em ambientes secos.”
De portas abertas
Os agentes comunitários de saúde estão nas ruas de várias cidades brasileiras, fazendo vistória nas casas a fim de identificar e combater o nascimento de novos mosquitos da dengue. Em seu perfil no Instagram, o Governo Federal orientou que se um agente bater à sua porta, não tenha medo, apenas receba-os.
“Com o aumento no números de casos de dengue no país, o trabalho dos agentes comunitários de saúde é essencial para a prevenção da doença. Preste atenção na identificação e nas credenciais: os agentes de saúde devem apresentar crachá com foto, nome completo, cargo, número de registro da prefeitura e brasão do município, camiseta ou colete com a inscrição ‘Agente Comunitário de Saúde’ e brasão municipal”, divulgou na rede social.
Como os lojistas podem ajudar no combate à dengue
As lojas comerciais, com grande fluxo de pessoas, podem ser criadouros do mosquito se não forem tomadas medidas de prevenção. Ao tomar medidas simples de prevenção, os lojistas podem ajudar a proteger a saúde de seus clientes, funcionários e da comunidade em geral.
Confira quatro ações simples que podem colaborar com o combate ao mosquito Aedes aegypti:
1. Eliminação de criadouros
Retire a água parada de qualquer recipiente: vasos de plantas, calhas, pneus, garrafas etc;
Mantenha as lixeiras tampadas;
Faça a limpeza regular das calhas e lajes;
Cubra caixas d’água e outros reservatórios de água;
Descarte materiais inservíveis que possam acumular água.
2. Proteção contra picadas
Instale telas de proteção nas janelas e portas;
Ofereça repelentes aos clientes e funcionários;
Utilize roupas que cubram a maior parte do corpo.
3. Conscientização
Divulgue informações sobre a dengue e como combatê-la;
Oriente os funcionários sobre a importância da prevenção;
Participe de campanhas de combate à dengue.
4. Outras medidas
Realizar fumacê em áreas externas da loja;
Contratar empresas especializadas em controle de vetores;
Notificar as autoridades sanitárias em caso de suspeita de dengue.
Vacina contra dengue disponibilizada no SUS
O Brasil já recebeu a primeira remessa da Qdenga — com 750 mil doses –, vacina contra a dengue produzida pelo laboratório japonês Takeda que será aplicada pelo SUS (Sistema Público de Saúde). Apesar de já haver uma vacina contra a dengue aprovada para uso no país, a Qdenga será a primeira oferecida gratuitamente no SUS.
As vacinas do primeiro lote serão destinadas para adolescentes de 10 a 14 anos que moram em cidades com mais de 100 mil habitantes. A definição do público que receberá as doses leva em conta taxas de transmissão.
Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. O imunizante é aplicado em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.
O governo brasileiro adquiriu 5,2 milhões de doses da vacina. Além disso, a fabricante forneceu ao Brasil, sem custos, outras 1,32 milhão de doses. A estimativa do governo é de que cerca de 3,2 milhões de pessoas serão vacinadas em 2024.
Lembre-se: a prevenção é sempre o melhor remédio e a luta contra a dengue é um compromisso de todos.
Com informações da Agência Brasil.